Infelizmente, nossa cidade vem vivenciando uma onda de chuvas que deixa tragédias pelo caminho. Ano após ano, esse problema permanece como um fenômeno histórico e recorrente. Entenda por que São Paulo alaga tanto nos dias de chuva.

A cidade de São Paulo foi construída em uma região com muitos rios, diversos deles foram canalizados e soterrados ao longo das décadas. Quando chove, a água cai no solo impermeabilizado e não consegue infiltrar. A água em grande quantidade e velocidade escorre para as galerias, que não suportam o volume.

Cerca de apenas 30% a 40% da água da chuva que atinge o centro expandido se infiltra no solo e o restante escorre para os rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí e Aricanduva. Segundo o urbanista Anderson Kazuo Nakano, o ideal seria que 50% fosse absorvido pelo solo e os outros 25% fossem retidos por mais tempo.

As mudanças climáticas também influenciam nas fortes chuvas. Segundo o Inmet, comparando a última década com a década de 1961 a 1970, os dias de chuva acima de 50mm passaram de 37 para 47. As chuvas acima de 100mm ocorreram 7 vezes nessa década e nenhuma vez nos anos 60.

O drama das chuvas em São Paulo é histórico e estrutural e vem sendo agravado pelas mudanças climáticas, algo que já era alertado por especialistas há muitos anos. Não existe solução fácil para um problema complexo.

Precisamos de um trabalho amplo, expandindo as áreas verdes e a arborização urbana e incentivando a captação de água de chuva em condomínios. É preciso aplicar o conceito de cidade-esponja, construir parques lineares, jardins de chuva e telhados verdes. Também é necessário conscientizar a população sobre o descarte de lixo e aumentar o controle do uso e ocupação do solo.

Temos muito trabalho pela frente, mas precisamos agir com inteligência para resolver esse desafio histórico.

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