Nasci num bairro pobre, filha de uma empregada doméstica e de um taxista. Virei diretora dos maiores bancos do mundo. Como? Conheça minha história! Ainda muito pequena, eu desenvolvi uma condição autoimune chamada alopecia areata. Faziam bullying com a “garota carequinha”, que com o tempo passou a não querer brincar na rua. Para me manter distraída, meu pai me dava livros, e isso foi um grande diferencial na minha vida. Enquanto a molecada se divertia, eu tinha muito mais horas de estudo. Ingressei no mercado de trabalho como recepcionista. Depois fui para um banco e resolvi fazer faculdade, estudando à noite após o trabalho. Me formei em Ciências Contábeis e consegui uma posição na área de auditoria. Me dei conta da desigualdade e desafios: morava longe, não usava as mesmas roupas, não viajava, minha conversa era diferente; eu não pertencia àquele lugar. Mas resolvi que faria parte daquele mundo. Com muito esforço, me tornei diretora do maior banco de investimentos americanos, o JP Morgan. Isso aconteceu graças à educação, que foi fundamental e transformou minha vida, mas nem tudo foi tranquilo, tive derrotas difíceis de digerir, mas persisti. Meu sucesso não foi resultado apenas do esforço: contei com a ajuda da sorte e de uma condição de saúde que exigiu de meus pais um cuidado extraordinário e que fez nascer uma mulher diferenciada no meio de tantos problemas. No Brasil, histórias de superação como a minha costumam ser idealizadas. No entanto, apesar de fundamental, o esforço não é o único determinante do sucesso. Não podemos deixar as crianças por conta da sorte, sob o risco de perdermos talentos incríveis que poderiam contribuir para a sociedade. O dever cívico falou mais alto e decidi deixar uma carreira de sucesso para entrar na política. Quero retribuir e deixar minha contribuição oferecendo aquilo que não tive! Somente com igualdade de oportunidades e educação de qualidade vamos conseguir transformar o nosso país.