Inclusão da Velhice como doença é tema de encontro virtual da Câmara
16 de julho de 2021
Nesta quinta-feira (15/7), a Câmara Municipal de São Paulo mediou mais uma edição do projeto Envelhecimento em Pauta. Desta vez, o tema foi “Velhice não é Doença“. O evento foi uma iniciativa da vereadora Cris Monteiro (NOVO).
O envelhecimento da população é um fenômeno global e, no Brasil, especialmente acentuado nos últimos 20 anos, tendendo a acelerar ainda mais nas próximas décadas. Atualmente, as mais de 34 milhões de pessoas acima dos 60 anos são responsáveis por 23% do consumo de bens e serviços no país, contribuindo assim, com seus recursos, para o crescimento da sociedade em geral. Estima-se que em 2040, 57% da força de trabalho brasileira terá mais de 45 anos, conforme aponta pesquisa da consultoria da PWC com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) – com o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) – estabeleceu em sua resolução de dezembro de 2020 a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), em consonância com o protagonismo, dinamismo e a importância dos mais velhos mundo afora.
No entanto, a Assembleia Mundial de Saúde, órgão de Governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pelas OMS, prevê instituir a velhice como doença, na Classificação Internacional de Doenças, em sua edição de número 11 – CID 11, a partir de 01 de janeiro de 2022, numa clara incoerência à realidade demonstrada até aqui através de seu trabalho na área.
A inclusão da velhice como doença no CID-11 representa a migração de um marcador social (com todas as subjetividades culturais, sociológicas e antropológicas das populações mundiais) para o âmbito de um mecanismo que padroniza enfermidades – o que não contempla a diversidade e as identidades das sociedades e suas construções sociais, econômicas e culturais.
A vereadora Cris Monteiro abriu o evento declarando sua felicidade em contribuir com a pauta. “Sempre que faço eventos do Envelhecimento em Pauta me refiro à minha mãe, que está com 80 anos e é uma senhora com Alzheimer, e também a mim, que completei 60 anos na semana passada e agora sou considerada idosa”, disse a vereadora, que em seguida despediu-se por ter que voltar para a Sessão Plenária.
Além da parlamentar, o evento contou com a participação do ex-vereador Gilberto Natalini, também fundador da Associação Popular da Saúde, de Neide Duque, presidente do Grande Conselho Municipal do Idoso, de Sandra Gomes, diretora da consultoria Longevidade, e de Alexandre Kalache, médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade-Brasil.
Neide Duque começou sua fala negando qualquer ligação entre velhice e doenças e falando da importância de pensarmos em cidades confortáveis para pessoas mais velhas, já que a expectativa de vida está cada vez maior. “Estou aqui como prova de que não somos doentes. Ao contrário, estamos cada vez mais ativos. Longevidade não pode ser sinônimo de doença e sim de vontade de viver. Eu incentivo a união de todos os idosos para impedir a inclusão da velhice como doença”, concluiu.
A maior preocupação dos contrários à decisão da OMS é ter o CID de velhice usado indevidamente na declaração de óbitos de idosos. Sobre o assunto, o epidemiologista especialista em envelhecimento, Alexandre Kalache, explicou que é fundamental que a sociedade civil se mobilize para cobrar que a definição seja revista. “Se daqui dez anos tivermos 40% ou 60% dos óbitos por velhice, estaremos vivendo uma epidemia de velhice e vamos deixar de entender e compreender o processo do envelhecimento que aumenta sim o risco de doenças cardiovasculares, cânceres, problemas neurológicos ou outros problemas… Eu vivo dizendo que não quero ser uma estatística a mais de velhice. Precisamos de nome e sobrenome [das doenças] para termos um retrato do que está acontecendo”, concluiu Kalache.
O debate evoluiu até a conclusão de que a definição de velhice como doença reforça preconceitos já enfrentados por idosos. Sandra Gomes apontou caminhos para solucionar este problema. “Um dos quatro pilares do envelhecimento ativo é continuar a se informar e fazer com que a contribuição da pessoa ao longo dos anos possa se multiplicar. Isso faz com que a população idosa se sinta participativa, que tenha essa participação ativa, que tem direito a voz e que vai combater este preconceito o quanto antes e com ainda mais barulho”, declarou Sandra encerrando a discussão.
A promoção do envelhecimento deve vir com oportunidades de protagonismo, numa sociedade em que os mais velhos sejam respeitados e valorizados por suas potencialidades como sujeitos de direitos. Lembrando sempre que os jovens de hoje serão os idosos de amanhã – portanto, esta é uma causa de todos.
Inclusão da Velhice como doença é tema de encontro virtual da Câmara
Nesta quinta-feira (15/7), a Câmara Municipal de São Paulo mediou mais uma edição do projeto Envelhecimento em Pauta. Desta vez, o tema foi “Velhice não é Doença“. O evento foi uma iniciativa da vereadora Cris Monteiro (NOVO).
O envelhecimento da população é um fenômeno global e, no Brasil, especialmente acentuado nos últimos 20 anos, tendendo a acelerar ainda mais nas próximas décadas. Atualmente, as mais de 34 milhões de pessoas acima dos 60 anos são responsáveis por 23% do consumo de bens e serviços no país, contribuindo assim, com seus recursos, para o crescimento da sociedade em geral. Estima-se que em 2040, 57% da força de trabalho brasileira terá mais de 45 anos, conforme aponta pesquisa da consultoria da PWC com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) – com o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) – estabeleceu em sua resolução de dezembro de 2020 a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), em consonância com o protagonismo, dinamismo e a importância dos mais velhos mundo afora.
No entanto, a Assembleia Mundial de Saúde, órgão de Governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pelas OMS, prevê instituir a velhice como doença, na Classificação Internacional de Doenças, em sua edição de número 11 – CID 11, a partir de 01 de janeiro de 2022, numa clara incoerência à realidade demonstrada até aqui através de seu trabalho na área.
A inclusão da velhice como doença no CID-11 representa a migração de um marcador social (com todas as subjetividades culturais, sociológicas e antropológicas das populações mundiais) para o âmbito de um mecanismo que padroniza enfermidades – o que não contempla a diversidade e as identidades das sociedades e suas construções sociais, econômicas e culturais.
A vereadora Cris Monteiro abriu o evento declarando sua felicidade em contribuir com a pauta. “Sempre que faço eventos do Envelhecimento em Pauta me refiro à minha mãe, que está com 80 anos e é uma senhora com Alzheimer, e também a mim, que completei 60 anos na semana passada e agora sou considerada idosa”, disse a vereadora, que em seguida despediu-se por ter que voltar para a Sessão Plenária.
Além da parlamentar, o evento contou com a participação do ex-vereador Gilberto Natalini, também fundador da Associação Popular da Saúde, de Neide Duque, presidente do Grande Conselho Municipal do Idoso, de Sandra Gomes, diretora da consultoria Longevidade, e de Alexandre Kalache, médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade-Brasil.
Neide Duque começou sua fala negando qualquer ligação entre velhice e doenças e falando da importância de pensarmos em cidades confortáveis para pessoas mais velhas, já que a expectativa de vida está cada vez maior. “Estou aqui como prova de que não somos doentes. Ao contrário, estamos cada vez mais ativos. Longevidade não pode ser sinônimo de doença e sim de vontade de viver. Eu incentivo a união de todos os idosos para impedir a inclusão da velhice como doença”, concluiu.
A maior preocupação dos contrários à decisão da OMS é ter o CID de velhice usado indevidamente na declaração de óbitos de idosos. Sobre o assunto, o epidemiologista especialista em envelhecimento, Alexandre Kalache, explicou que é fundamental que a sociedade civil se mobilize para cobrar que a definição seja revista. “Se daqui dez anos tivermos 40% ou 60% dos óbitos por velhice, estaremos vivendo uma epidemia de velhice e vamos deixar de entender e compreender o processo do envelhecimento que aumenta sim o risco de doenças cardiovasculares, cânceres, problemas neurológicos ou outros problemas… Eu vivo dizendo que não quero ser uma estatística a mais de velhice. Precisamos de nome e sobrenome [das doenças] para termos um retrato do que está acontecendo”, concluiu Kalache.
O debate evoluiu até a conclusão de que a definição de velhice como doença reforça preconceitos já enfrentados por idosos. Sandra Gomes apontou caminhos para solucionar este problema. “Um dos quatro pilares do envelhecimento ativo é continuar a se informar e fazer com que a contribuição da pessoa ao longo dos anos possa se multiplicar. Isso faz com que a população idosa se sinta participativa, que tenha essa participação ativa, que tem direito a voz e que vai combater este preconceito o quanto antes e com ainda mais barulho”, declarou Sandra encerrando a discussão.
A promoção do envelhecimento deve vir com oportunidades de protagonismo, numa sociedade em que os mais velhos sejam respeitados e valorizados por suas potencialidades como sujeitos de direitos. Lembrando sempre que os jovens de hoje serão os idosos de amanhã – portanto, esta é uma causa de todos.
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