Setembro é o mês da Alopecia Areata, uma condição autoimune que eu convivo desde criança e que me faz perder os cabelos da cabeça.

A trajetória foi bem espinhosa. Na infância, era “a menina carequinha". Me sentia envergonhada, como se tivesse uma coisa para ser escondida. Durante o meu crescimento, aquilo foi se consolidando, mas sempre numa tentativa de resolver o problema.

Logo depois veio a pior fase – começou a cair placas enormes de cabelo e não dava para disfarçar. Não dava para pintar, nem colocar uma tiara. Foi quando comecei a me cuidar. Procurei um médico e passei a tomar conta da situação.

Tive que ir a Boston, certa de que o médico encontraria a solução para o meu problema. Ao questioná-lo sobre o que usavam nos EUA, me surpreendi com a resposta: peruca! Aquilo era tudo o que eu não queria ouvir.

Foi difícil de aceitar! Levei mais 15 anos até abraçar a realidade e ser essa pessoa com peruca. Me lembro de um dia, andando numa rua perto de casa; entrei num salão de cabeleireiro e falei: raspa minha cabeça!

Voltei para casa e decidi: vou usar peruca para sempre!

Eu não me vitimizei! Minha condição me levou mais longe do que eu imaginava, me tornou a mulher que sou. Me considero uma mulher muito forte e muito inteira.

Durante a minha trajetória, não tive figuras que me representassem e me inspirassem e eu espero poder, um dia, ser essa figura de inspiração para outras crianças e jovens que também sofrem com essa condição.